Saltar para o conteúdo
Navegação de artigos
Conteúdo anterior Anterior De genealogiasLendo com atenção este estendal de nomes, encontramos quatro mulheres que não são, de todo, um exemplo de moralidade e candura: mulheres fortes, astutas e corajosas, ao ponto de arriscarem a vida; mulheres que não se contentaram com uma vida na sombra, só porque eram estrangeiras, pecadoras ou insignificantes: Tamar, Raab, Rute e Betsabé.Tamar é estrangeira, nora de Judá, quarto filho de Jacob. Judá escolhe-a para esposa do seu primogénito; mas Er morre sem descendência. Pela lei do levirato, Tamar é dada como esposa ao irmão, que também morre sem descendência. Por isso, Tamar deveria ser dada ao terceiro filho, mas Judá evita-o, com medo de que também este morra nos braços da nora. Tamar finge-se ardilosamente de prostituta, e Judá, que não a conhece, une-se a ela, gerando Peres e Zera, os precisos nomes que se encontram na genealogia de Jesus. Raab é uma prostituta. Vive em Jericó, território pagão a conquistar na expansão do povo de Israel. Dá proteção a dois espiões enviados a Jericó por Josué. Jericó será destruída e subjugada; Raab será poupada, precisamente em virtude do seu gesto de benevolência. Mateus recorda que Raab se uniu a Salmon, um dos espiões, e deu à luz Booz, outro elo para que pudesse nascer Jesus, o Messias.Rute é uma moabita, outra mulher pagã e que não podia entrar na história de Israel. Tendo ficado viúva, une-se astuta e inteligentemente a um homem israelita chamado Booz. Da sua união nasce Obed, antepassado de Jesus.Betsabé, a esposa de Urias, general do exército de David, consente no jogo perverso do rei, que, depois de a ter engravidado, manda astuciosamente matar Urias, seu amigo e marido de Betsabé. Dessa união nasce Salomão, terceiro rei de Israel, precursor de Jesus, o Salvador.Com a genealogia de Jesus, Mateus quer recordar-nos que estas histórias na sombra, estas histórias de mulheres 'erradas', são, na realidade, divinas: Deus escolhe do mundo o que o mundo considera lixo, para fazer a sua história da salvação.Embora pareçam insignificantes, todos os homens e mulheres, débeis, esmagados, pecadores, enlameados, são elos fundamentais para que Deus possa encarnar também hoje, aqui, na nossa história.Conteúdo seguinte Seguinte De lições de inglês e do bem comumNão me peçam para amar o meu irmão meramente em nome de uma abstração – a "sociedade", a "espécie humana", o "bem comum". Não me digam que devo amá-lo porque ambos somos "animais sociais". Essas coisas valem tão menos do que o bem que há em nós, que não são dignas sequer de ser invocadas como motivos do amor humano. Mais valia pedirem-me para amar a minha mãe por ela falar inglês. Talvez precisemos de abstrações para compreendermos as nossas relações uns com os outros. Mas eu sou perfeitamente capaz de compreender os princípios da ética e, ainda assim, odiar os outros. Se eu não amar os outros, nunca descobrirei o significado do "bem comum". O amor é, ele próprio, o bem comum.Há muitas pessoas que abdicariam dos seus interesses em prol da "sociedade", mas não conseguem suportar nenhuma das outras pessoas com quem vivem. Enquanto considerarmos os outros como obstáculos à nossa felicidade, seremos inimigos da sociedade e teremos apenas uma capacidade muito pequena de partilhar o bem comum.